E quem protege as crianças do Judiciário?
Texto da minha amada. A quem ler, peço que repasse.
Quem já visitou algum abrigo para menores, por melhor que seja a instituição, não se esquece jamais dos olhos das crianças “abrigadas”, famintas de afeto e de uma vida “normal”, oscilantes entre a esperança de dias melhores e o desalento de ver os dias passando sem que se desenhe qualquer perspectiva de mudança em sua rotina de solidão e abandono emocional.
Há OITENTA MIL crianças em abrigos no país, segundo a Associação dos Magistrados Brasileiros. Deste total, somente cerca de 10% podem ser adotados. A demora da Justiça para definir se o menor deve voltar para a família biológica ou ser colocado para adoção explica os números, segundo o vice-presidente da associação, Francisco Oliveira Neto, que também afirma que para que o menor esteja disponível para a adoção é preciso que os pais biológicos manifestem oficialmente que desejam entregar a criança ou que o Ministério Público, por meio de uma ação, instaure a destituição do poder familiar. Enquanto essa definição não acontece, a criança permanece no abrigo, mas não pode ser adotada. (http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/08/22/materia.2008-08-22.3881604030/view)
Sou casada há quase 10 anos, tenho uma filha biológica com 7 anos, e em setembro último, resolvemos enfrentar a “maratona” da habilitação para adoção. Sem pretender adotar um bebê com biótipo compatível com comerciais americanos: como não temos a “necessidade” de suprir uma carência vivencial, não precisamos adotar um recém-nascido, preferimos uma criança de maior idade, a partir de 2 anos, que é justamente a “idade-limite” imposta por muitos casais interessados em adotar.
Bem, se existem tantas crianças em situação de abandono, principalmente com mais de 2 anos, e nós temos condições materiais e emocionais de trazer mais um ser humano para nossa família, fomos à luta. Começamos juntando papéis e mais papéis, declaração médica de sanidade física e mental, cartas de recomendação de pessoas ilibadas, certidão de antecedentes, comprovante de residência, etc, etc, etc. Juntamos tudo, fizemos o requerimento, devidamente protocolado na Vara de Infância e Juventude de Maringá.
E dois meses depois continuamos sentados esperando seja feita a visita da assistência social, para elaboração do laudo respectivo, afirmando que realmente não somos loucos nem inválidos nem cruéis criminosos nem maus-caráteres, interessados em adoção por motivos escusos, como se depreenderia, aliás, da análise do atestado de saúde física e mental, aliada à leitura das nossas cartas de referências, dadas por uma Juíza que atualmente milita em Vara de Infância e Juventude de outra comarca, amiga de 20 anos e juíza há mais de 15, por um membro atuante do Conselho Tutelar de nossa Comarca, e de um empresário extremamente engajado em projetos sociais, que me conhece desde criança, literalmente. São pessoas honestas, íntegras, responsáveis, que nos conhecem muito bem e jamais dariam uma declaração de conteúdo inverídico.
Enquanto isso, volta e meia programas televisivos falam sobre adoção, incentivando as pessoas a adotar uma das milhares de crianças em situação de abandono afetivo em tantos lares espalhados pelo país... A própria Associação dos Magistrados encabeça movimento nacional neste sentido! Estranhei a demora em pelo menos ser marcada a visita da assistência social, resolvemos ligar para os responsáveis – (44) 3261-2923/2924. Estou pasma! Não há programação alguma de visitas para os próximos TRÊS MESES, e sabem por que? PORQUE NÃO HÁ CRIANÇAS DISPONÍVEIS PARA ADOÇÃO NA NOSSA COMARCA! Então o Meritíssimo Juiz determinou que sejam suspensas as visitas e laudos da assistência social a casais que estão em processo de habilitação...
Três meses para uma criança jogada em um abrigo, em qualquer lugar deste país, é um tempo enorme. Três meses sem amor, sem carinho, sem uma família, é MUITO tempo para qualquer pessoa, que dirá para uma criança... Há crianças em condições de serem adotadas, maiores de dois anos de idade,
Não podemos nos candidatar a adoção em outras cidades sem o Certificado de Habilitação emitido pela Vara
Deito-me todas as noites e rezo para que Deus proteja a nossa criança, onde quer que ela esteja, até que possamos alcançá-la. Até há pouco, toda vez que o telefone tocava era a esperança de que a inopiosa visita da assistência social estivesse sendo marcada... Não será, pelos próximos três meses, pelo menos, e depois disso sabe-se Deus quando, já que nem previsão de agendamento para após este “descanso” há, e o restante do processo só terminará se e quando o Digníssimo Magistrado assim o quiser.
Nossa criança está por aí, sonhando com uma vida melhor, e nós estamos aqui, rezando por ela, e esperando o dia em que poderemos abraçá-la e trazê-la para casa...
Só uma pergunta martela a mente sem cessar: o Judiciário deveria proteger as crianças, mas quem protege as crianças do Judiciário????? O Ministério Público, com certeza, não...
Rosane Michels T Brandão, em 05 de novembro de 2008
rosane.michels@yahoo.com.br
3 Comments:
Concordo plenamente com voce.Quem ira proteger as crianças do pode judíciario,pois a impressão que eu tenho,e que os juizes "preferem"que elas cresçam nos abrigos.Ou eles "escolhem"quem sera a melhor mae ou pai.Pois eu ja entrei muitas e muitas vezes com o pedido de guarda provisoria s,seguida da adoção defenitiva,ja se passaram mais de 10anos,e eu ainda não tenho minha filhinha.
Socorro!Socorro!socorro! quem podera nos ajudar,ajudar as criançinhas do poder judiciario do nosso pais.por favor façam alguma coisa,não pensem muito,pois daqui a pouco elas serão adultos.
Genial dispatch and this fill someone in on helped me alot in my college assignement. Thank you on your information.
Postar um comentário
<< Home